Sou toda fases
Uma bebê chorona,
quando simples etiqueta
arranha minha nuca,
quando o resfriado me pega de jeito,
ou quando a dieta me sentencia.

Transformo-me em uma criança irritadiça,
quando o não é não,
ao enfrentar críticas afiadas, injustas
ou se tropeço nas calçadas da vida.

Como verdadeira adolescente dramática,
Exagero, xingo, mando ir pra todo lugar
Ao ser fechada no trânsito,
Quando o silêncio do marido é gritante,
ou quando o guarda-roupa cheio
não tem uma roupa que preste.

Já adulta em crise,
Fico indignada com a meia idade,
onde objetivos são sombras
longínquas e embaçadas, quase impossíveis
e o Money
que é good nóis num have.

Sou uma velha ranzinza,
quando me chamam de “senhora”
senhora de e pra quê?
se o café falta na xícara,
ou palavras descambam pro além.

Assumo todas essas fases num só fôlego!
A encrenca me chama para dançar,
quando o calorão da menopausa ferve a alma
e, num minuto, o cheiro do arroz queimado
anuncia que o rango já era.